segunda-feira, 25 de março de 2013

RPG no tratamento de pacientes com Escoliose Estrutural


Nos dias atuais um dos maiores problemas que afligem os países em desenvolvimento são os males da coluna, situações que contribuem sobremaneira para limitar a vida ativa de seus habitantes, tornando-as, na maioria dos casos, precocemente incapacitados para o trabalho e outras atividades de rotina, interrompendo assim uma existência produtiva e acarretando ônus social para o Estado (MOMESSO, 1997).
Existem muitas causas conhecidas de escoliose, podendo ser congênita ou adquirida e resultar de uma doença ou lesão. Algumas causas envolvem alterações na estrutura óssea. Entretanto, muitos dos casos de escoliose, as causas não conhecidas, sendo denominadas idiopáticas (FLORENCE P, 1995).
A progressão de uma escoliose pode ser vista por alterações devido ao crescimento esquelético em que ocorre uma retração das partes moles posteriores, que vai adicionando um desequilíbrio que pode ser estrutural e não estrutural (SALATE, 2003).
De acordo com Souchard & Ollier (2003), isso não tem causa aparente, podendo acontecer por distúrbios proprioceptivos e de equilíbrio, como também por anomalias do tecido de colágeno, dos discos e corpos vertebrais. Concluem também, estes autores, que na mesma existe uma retração dos transversos espinhais, principalmente os multifidios, tendo capacidade de produzir rotação para um lado e látero-flexão para o outro lado.
O caráter compensatório da escoliose tem sempre uma retração assimétrica dos músculos espinhais que possuem: Resistência fibroelástica; tônus dos músculos da estática dependente da nossa ereção antigravitacional e uma função estática de suspensão. Sua boa tensão depende do equilíbrio e da rotação articular. Possuem duas forças componentes e uma resultante sobre as vértebras, de modo que, o disco intervertebral obriga a decomposição das forças nessa musculatura, gerando uma coaptação dos processos articulares de um lado, enquanto decoapta do lado oposto. Após certo grau de retração desse músculo constitui-se uma escoliose tridimensional (SOUCHARD & OLLIER, 2003).
A escoliose apresenta uma rigidez das partes mole posteriores, levando a um assincronismo do crescimento dos corpos vertebrais anteriores e posteriores, induzindo uma rotação, promovendo uma diminuição ou desaparecimento da curva fisiológica (MIRAMAND, 2001).
De acordo com Bienfait & Santos (1999), três tipos de tecidos estão envolvidos na evolução da escoliose: o ósseo, o conjuntivo e o muscular. O crescimento é o fator que os modifica. Sendo que, o conjuntivo e muscular, são dependentes de alongamento ósseo, onde não existe uma regra fixa para o mesmo, podendo ocorrer estirões bruscos. Este mesmo alongamento faz com que todos os músculos trabalhem sob tensão e se alonguem, aumentando o número de sarcômeros em série, bem como tensiona o tecido conjuntivo que resiste a esse crescimento ósseo. Sendo assim, isso leva a um desequilíbrio segmentar, criando-se o que denominamos de concavidade. Nesse caso, encontramos uma maior tensão do convexo.
Em geral, a escoliose envolve a região torácica e lombar. Se ocorrendo tipicamente em indivíduos destros, há uma leve curva em “S” na torácica direita e lombar esquerda ou uma leve curva em “C” na toracolombar. Pode haver assimetria nos quadris, na pelve e nos membros inferiores (KISNER C, 2005).
A escoliose torácica inicia-se por uma lordose, que é uma inclinação lateral e uma torção. A escoliose lombar inicia-se por um ângulo ílio-lombar, uma inclinação lateral, uma cifose lombossacra e uma rotação dos ilíacos. Uma escoliose de dupla curva equilibrada deve ser considerada como uma escoliose torácica, com uma contra curvatura lombar de reequilibração que se estruturalizou progressivamente (SOUCHARD & OLLIER, 2001).
Em estudos realizados por Fauvy, a escoliose de dupla curva desequilibrada, deve ser considerada como uma escoliose lombar com ângulo ílio-lombar, acarretando uma contra curvatura torácica de reequilibração que se estruturalizou progressivamente.
De acordo com seu grau de mobilidade, Bienfait (1993), apresenta a seguinte classificação das escolioses: Pré-escoliose (no exame clínico se constatam indícios de uma escoliose, porém ao RX em posição ortostática não é confirmado); Escoliose de primeiro grau (ao RX em posição ortostática aparece uma leve flexão lateral sem rotação ou com uma leve rotação vertebral, ao3 RX em decúbito, a curva desaparece); Escoliose de Segundo grau: (ao RX em posição ortostática aparece uma escoliose, ao RX em decúbito ela se acentua, ao RX sob tração ela desaparece); Escoliose de terceiro grau (não desaparece mesmo em um RX sob tração).
As escolioses estruturais apresentam “Teste de Adams” positivo (presença de gibosidade) e na radiografia a rotação vertebral está presente:

A escoliose estrutural envolve uma curva lateral irreversível com rotação fixa das vértebras. A rotação dos corpos vertebrais é em direção à convexidade da curva. Na coluna torácica, as costelas rodam com as vértebras, de modo que haja uma proeminência posterior das costelas no lado da convexidade vertebral e uma anterior no lado da concavidade. Durante a inclinação para frente em escoliose estrutural detecta-se uma giba nas costelas posteriores (KISNER C, 2005).

A escoliose estrutural ocorre quando existe um comprometimento na estrutura da coluna com encurtamento lateral, rotação e alterações morfológicas e posturais das vértebras. Podem ser identificadas radiologicamente e não é susceptível de ser corrigida ativamente. Apresenta causa variável, cujo quadro clínico e prognóstico pode variar extremamente. Estão incluídas 90% na escoliose idiopática e 10% nos demais (TOSHIKO M, 2001).
As causa mais comuns são: doenças ou distúrbios neuromusculares (como paralisia cerebral, lesão medular, doenças neurológicas ou doenças musculares progressivas); distúrbios osteopático (como hemivértebras, osteomalacia, raquitismo ou fraturas) e idiopática, nos quais, a causa é desconhecida (KISNER C, 2005).
Ainda, segundo o mesmo autor, a escoliose estrutural pode causar sérios problemas tais como:
Fadiga muscular e distensão ligamentar no lado da convexidade; Irritação de raiz nervosa no lado da concavidade; Desequilíbrios musculares potenciais; Diminuição da flexibilidade na musculatura do lado côncavo da curva; Musculatura alongada e fraca no convexo da curva.
A RPG é uma técnica de estímulo proprioceptivo, que promove estabilidade corporal, aperfeiçoa as reações de endireitamento e equilíbrio, considera o sistema músculo-esquelético como um todo e único. (GOMES et al, 2006) .Tem sido uma das melhores técnicas para a reabilitação dos desvios posturais, tendo como característica a contração muscular isométrica, dos músculos estáticos, presentes nas diferentes cadeias musculares. Dentre as posturas descritas por Souchard, a postura sentada tem como objetivo fortalecer e alongar toda a cadeia posterior (MOTA ET al, 2008).

Material na íntegra disponível em: http://www.portalbiocursos.com.br/artigos/ortopedia/25.pdf. Quintelo, Zeida Azevedo, Mejia, Dayana Priscila Maia. Uso do Método do RPG no Tratamento de Paciente de Escoliose Estrutural. Revista Digital Bio Cursos, 2012.

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